Sunday, September 30, 2012

Uma verdadeira história de amor não se apaga…

… quando se esconde a afeição. 


Não, não se apaga. Nem se dilui. Simplesmente se afastam as partes amadas. Reina a distância, empolam-se as diferenças, cresce a separação. Nos corpos. Na alma não. 
Os sentimentos não se esgotam num coração náufrago e noutro aos pedaços. Assim como as peças de um puzzle não deixam de se encaixar mesmo quando remotas. Continuam a pulsar em sintonia, como se as veias outrora unidas de ambos não tivessem nunca sido cortadas em fragmentos que hoje se esvaem. 
Ela evapora-se há sua volta, impalpável, transforma-se naquele mar de que ele bebe e onde se segura para não se afundar. Ele, volátil, segura o desmaio daquela mulher em luto que se embriaga em recordações. Memórias no peito dela, lembranças no sexo dele. E vice-versa. E no corpo todo, no âmago de cada um, em cada porção física que um dia deram de si. Reflexos do espelho que são. 
Uma história de amor não se apaga mesmo quando tudo vira um sonho distante. Desejam-se em silêncio, reprimem-se em saudade, têm-se assim perto. Vivem-se longe os corpos. A alma não. 



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