Como pode um homem escolher entre duas mulheres aparentemente iguais? Ambas bonitas, ambas inteligentes, ambas astutas, ambas sorridentes, ambas enigmáticas, ambas sensuais, ambas profundamente sexuais.
Ele coloca as duas, lado a lado, e faz um esforço mental para lhes ignorar as semelhanças. Não consegue. Dois corpos femininos, semi-despidos, somente tapados com uma lúbrica lingerie preta que lhes cobre o busto e o sexo. Meias de ligas rematam o conjunto criando um desenho, delineado entre o tecido e a pele, impossível de resistir.
Uma das mulheres, perante o seu olhar másculo que a perscruta, leva a mão à pequena peça de pano que lhe tapa um profundo jardim secreto e, suavemente, desce o mesmo mostrando a passagem que conduz às suas profundezas uterinas.
A outra mulher simplesmente o contempla intensamente, olhos com olhos, e coloca a sua mão direita sobre o coração. Somente isso. Sem convites explícitos que possam conduzir à luxúria ou à desejada obscenidade.
Nesse momento aquelas duas fêmeas aparentemente iguais passam a distinguir-se de forma clara e evidente. Uma oferece o corpo, a outra oferece a alma. Uma entrega-lhe prazeres carnais vazios de amor, a outra dá-lhe o espírito num corpo que é metade do seu. Uma contenta, outra completa. Uma é migalha, outra um milhão. Uma é lava, outra é vulcão.
O homem, apesar de no seu íntimo estar seguro de quem quer, sabendo ao certo a mulher que realmente deseja para companheira de vida(s), continua com dúvidas masculinas na escolha. Debate o seu instinto animal com a sua emoção. Digladia-se entre a fêmea que se entrega quase de pernas abertas para a procriação com aquela que, fazendo-o de forma mais reservada, lhe toma também o ânimo. Uma dar-lhe-á prazeres imediatos, masturbações automáticas a dois, vazias de conteúdo. Outra dar-lhe-á o deleite do amor infindo cujo corolário são inacreditáveis orgasmos mútuos, que doem de tão violentos que se adivinham ser.
Ele luta entre o respirar e o ficar sem ar. Entre o receber e o dar. Será que o efémero ganhará neste duelo com o eterno? Dúvida fácil de resolver, decisão simples para quem sabe o valor de verdadeiramente amar… livre arbítrio para o homem que a uma só se poderá entregar.
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