Sunday, November 11, 2007

Primeira vez...


Hoje quero ser tua pela primeira vez!
Quero!
Quero sentir-me virgem, insegura, frágil, desprotegida, com medo...
Quero que o meu corpo trema todo de ansiedade... numa antevisão do que se seguirá.
Quero descobrir-te... descobrir-me... redescobrir-nos.
Quero... quero muito!
Sei o que quero, sei como quero e será assim: intenso, inesperado, imperfeito... como deve de facto ser.
Chego ao teu lado como uma criança no seu primeiro dia de aulas. Observo o ambiente, observo-te. Baixo os olhos para não te encarar de frente... para não olhar na alma daquele que será o primeiro amante... o primeiro professor dos mais secretos prazeres.
Dou-te a mão e deixo-me guiar... sigo-te... para a sala da nossa primeira lição, alcova de execução de desejos e quereres. Lugar onde aprendo e me prendo... nos teus braços, nos teus beijos, nesse teu corpo que chama por mim.
Aninho-me no teu colo... encosto-me a ti... protejo-me de nós.
Deixo-me ficar.
De repente sinto-me confusa...
E confusa quero fugir... quero fugir deste contacto, deste primeiro impacto, deste estar bem contigo, em ti.
Vejo ali uma cama... pronta para me ensinar o bê á bá do sexo... cama onde refugio o meu corpo, onde me afundo na esperança de não me veres.
Deitada sobre os lençois escondo neles a minha face... escondo todo o meu desejo... deixo aflorar os meus receios. Percebes isso, e como bom mestre que és, inicias a nossa primeira aula subtilmente... suavemente... em carícias de toques leves, quase imperceptiveis.
Debruças o teu corpo sobre o meu, tocas-me e levantas alguns centímetros da camisola que me cobre parte do corpo. Beijas a pouca pele descoberta, com uma crescente intensidade...
Nesses primeiros toques, aprendo o A... de Amor. O carinho, a protecção, o desejo disfarçado, estão impregnados nesses teus primeiros beijos.
Beijos... B... mais uma letra deste abecedário de descobertas. Muitos beijos! Muitos! Percorres as minhas costas em beijares, em lamberes... os dedos ajudam... a tua saliva também. Deslizas. A tua face perde-se nessa primeira dança, ensinando-me os primeiros passos. Mãos fortes começam a explorar o meu corpo...
C... Corpo... pedaço de mim que se descontrola, que treme, que começa a transpirar, a vibrar, a reagir aos estímulos que me provocas.
Sentes-me quente e... Despes-te! Despes-me! Fazes-me sentir pele com pele, querer com querer, numa penetração de sentidos. Só os nossos sexos continuam tapados, com pedaços de tecidos incómodos, que os amordaçam e controlam...
O Erotismo...
A Fome...
A Gulodice de corpos que se querem saborear mais...
Começo a perder-me nesta primeira lição... a encontrar-me somente nos movimentos ansiosos dos nossos corpos...
Heréges...
Intensos...
Entrego-me a ti...
Em Juras de amor eterno...
Desenho agora no teu corpo cada uma destas letras que aprendo. Toques e mais toques húmidos que deslizam!
Kilogramas de palavras proferidas, toneladas de sentimentos...
Lambes o meu corpo como um louco...
Mimas-me em cada movimento...
Navegas em mim com mestria...
Orgasmos se antevêem...
... e num descontrole de dois corpos que se derretem, num querer desmedido, mergulhados num desejo insano... entre gestos e toques descontrolados, incontrolados...
Penetras-me!
Queres-me ali!
Rasgas o meu corpo!
Sentes-me bem fundo!
Tocas-me onde nunca ninguém assim tocou...
Ultrapassas as minhas fronteiras...
Violas o meu corpo virgem de ti... e...
Xiu!
Zás em mim... dentro de mim!
...
Movimentas-te numa cadência ritmada... em estocadas lentas... pacientes. Sem pressa para um orgasmo que não chega.
Sei as primeiras letras de ti... mas ainda não te sei ler. Tu sabes disso.
Mostras-me lentamente o que poderei fazer com elas... o puzzle de mil letras que o teu corpo pode ser.
Fazes-me gemer de prazer...
Suar...
Escorrer fluxos de paixão...
Fazes-me sussurrar novas palavras, para mim desconhecidas ou sem significado... mas que em nós fazem todo o sentido.
Inesperadamente, num momento planeado, soltas o meu corpo. Mostras-me que a intensidade destas palavras, destes gestos, destes momentos, nos poderão levar bem mais longe.
Colo-me de novo a ti, num desespero insatisfeito... num querer aprender mais!
Pacientemente deixas-me ainda ler-te um pouco...
Contudo, a nossa história só agora (re) começou.
Beijas-me... abraças-me... sacias a minha sede de te querer, amparas-me neste novo capítulo de nossas vidas.
E eu deixo-me ir contigo... segura, protegida, afastando as réstias de medo que possam subsistir.
Dás-me a mão... e uma vez mais me dizes: vem comigo!

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