Wednesday, November 14, 2007

Dormência...

Sinto-me dormente...
Numa dormência de corpo e alma.
Dirijo-me à praia, numa tentativa de me refrescar, de acordar com salpicos de mar, de mergulhar numa humidade que me faça acordar.
Sinto o toque da areia, onde os meus pés nús se afundam, uma areia grossa, com personalidade, com tesão, capaz de fazer vibrar os mais apáticos dos prazeres da vida.
Dou mais alguns passos, neste areal gelado de fim de dia, nesta praia vazia pelo Outono... e a dormência teima em se impôr!
Observo as rochas que bravas, enfrentam a imponência deste mar, que lhes bate num jogo sádico sem fim. E ali se aguentam, desnudadas, despidas de protecções, firmes! Olho-as com admiração, invejo-as até, por estas não se permitirem à dormência que permito na minha vida.
Estes gigantes graníticos inesperadamente dão-me força. Pensei que a fosse encontrar na maresia, na doce água salgada, nos pequenos grossos grãos de areia, no cantar das gaivotas, na melodia do pôr-do-sol, no sibilar do nascer da noite... mas não! Encontro essa força, esse antídoto à dormência, nestes compactos pedaços de terra.
Subo para o mais alto, para o maior, para o mais imponente destes gigantes. Deito-me nele, pele com pele, deixando penetrar a sua bravura na minha dormência... O seu impacto no meu corpo é brutal! Sinto-me tremer, sinto o meu gelo a se transformar abruptamente em ondas de calor, a minha sonolência transfigurada em energia, a minha apatia a vibrar com contornos de louco e descontrolado desejo.
Desejo pela vida, desejo de mais... desejo de ti!
Esperarei por ti aqui, deitada, neste lugar onde hoje me (re)descobri, na esperança que me descubras, que te encontres, que me sintas assim... com vontade de uma vez mais te ter!

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