Wednesday, October 31, 2007

Eu bruxa me confesso...


Dia 31 de Outubro...
Dia das bruxas, dia ritual de tradições pagãs, que remonta a tempos celtas em que se celebrava o fim do Verão. Novo ano que se avizinhava segundo essas crenças ancestrais... um novo ano que começava bem perto dos deuses e dos antepassados já mortos.
Hoje é assim que me quero sentir: bruxa, pagã, em ritual de celebração do fim de uma era, princípio de outra. Quero estar mais perto dos dois mundos, mundo terreno e mundo eterno, mundo que piso e mundo que flutuo...

Avizinha-se uma noite sagrada, uma noite de fino véu que cobre a terra, quase transparente, que peço que me cubra também a mim. Véu que cubra a minha alma nua, o meu corpo despojado de elementos terrenos... véu suave, leve, translúcido, bordado de estrelas, tecido celeste que me protege. Um véu que de tão fino me permita tocar o etéreo, me permita sentir o sagrado, sentir o intocável a deslizar-me no corpo...
E finalmente sinto... o intocável toca-me! E que toque! Sinto os seus dedos a deslizar no meu corpo, a desenhar memórias hereges que irá para sempre recordar. Memórias de pecado que nesta noite se exponenciam, que pegam fogo, que ardem de tão intensas, que se consomem em fogueiras de paixão.
E aí... eu, bruxa, me confesso: ajoelho-me perante esse véu, deixo envolver o meu corpo desnudo, minha alma exposta, deixo-me tomar por esse fogo... e numa fogueira por mim ateada, expludo num auto-de-fé.
O meu corpo arde, em espasmos de esperança e prazer. Solto gritos libertadores, orgásmicos! Deixo-me levar... deliberadamente entro em auto-combustão, na esperança de, qual fénix, das cinzas renascer.
E aí poderei, sem medo, levantar voo, abrir os meus braços e envolver o mundo. O meu mundo!
Que esta noite seja sinónimo de renascimento, perpectuação, de um novo ano de esperança sem fim!

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